Da sua infância, adolescência e juventude pouco se
sabe, pois Madre Teresa tinha horror de falar de si. Nunca morou na Albânia;
foi educada numa escola estatal da atual Croácia, durante os tristes anos da
Primeira Guerra Mundial. Tinha uma voz muito bonita e logo se converteu na
solista do coro da igreja da sua aldeia. E até dirigia o coro, lá pelos anos
vinte. Freqüentou a escola estatal não católica e ingressou na Congregação
Mariana onde foi aperfeiçoando a formação cristã ao mesmo tempo que tomava
conhecimento da vida da Igreja e abria o coração às necessidades do mundo.
Particular impressão lhe faziam as cartas que os missionários jesuítas da Índia
escrevia e que eram comentadas em grupo.
A miséria material e espiritual de tanta gente
tocava o seu coração. Aos dezoito anos surge-lhe o pensamento da consagração
total a Deus na vida religiosa. Obteve o consentimento dos pais, por indicação
do sacerdote que a orientava, entrou no dia 29 de Setembro de 1928 para a Casa
Mãe das Irmãs de Nossa Senhora de Loreto, em Rathfarnham, perto de Dublin
(Irlanda). O seu sonho era a Índia, o trabalho missionário junto dos pobres.
Sabedoras desta aspiração da jovem iugoslava, as superioras decidiram que ela
fizesse o noviciado já no campo do apostolado. Por isso, ao fim de poucos meses
de estadia na Irlanda, Agnes partiu para Índia em 1931.
O ideal que brilhara pela primeira vez na sua vida
aos doze anos começava a concretizar-se. Foi enviada para Darjeeling, local
onde as Irmãs de Loreto possuíam um colégio. Ali fez o noviciado. No dia 24 de
Maio de 1931, faz a profissão religiosa, emitiu os votos temporários de
pobreza, castidade e obediência tomando o nome de TERESA. Houve na escolha
deste nome uma intenção, como ela própria diz: a de se parecer com TERESA DE
JESUS , não com a grande santa espanhola, mas com a humilde carmelita de
Lisieux que ensinou aos homens do nosso tempo o caminho da infância espiritual.
De Darjeeling passou a Irmã Teresa para Calcutá.
Tendo freqüentado uma carreira docente, passa a
ensinar Geografia no Colégio de Santa Maria, da Congregação de Nossa Senhora do
Loreto, em Calcutá. Mais tarde foi nomeada Diretora. Irmã Teresa gostava de
ensinar. As alunas estimavam-na porque era uma excelente professora, sempre
dedicada e atenta a todos os problemas. Havia muito humanismo nas suas palavras
e atitudes. Embora cercada de menina filhas das melhores família de Calcutá,
impressionava-se com o que via quando saia à rua: os bairros de lata com
cheiros nauseabundos, crianças, mulheres e velhos famélicos. Faz a profissão
perpétua a 24 de maio de 1937.
O dia 10 de setembro de 1946 ficou marcado na
história das Missionárias da Caridade e, obviamente, no livro da vida da Madre
Teresa como o "dia da inspiração". Numa viagem de trem ao noviciado
do Himalaia, recebe uma claríssima iluminação interior: dedicar a sua vida aos
mais pobres dos pobres. Relatou-o assim: "Em 1946, ia de Calcutá a
Darjeeling, de trem, para fazer o meu retiro. Nunca é fácil dormir nos trens, mas
tentar fazê-lo num trem da Índia é impossível: tudo range, há um penetrante
odor de sujidade pelo amontoamento de homens e animais, todo um detrito de
humanidade, cestos, galinhas cacarejando... Naquele trem, aos meus trinta e
seis anos, percebi no meu interior uma chamada para que renunciasse a tudo e
seguisse Cristo no subúrbios, a fim de servi-lo entre os mais pobres dos
pobres. Compreendi que Deus desejava isso de mim..." Irmã Teresa pensava
nos pobres de Calcutá que todas noites morrem pelas ruas e que na manhã
seguinte, são lançados para o carro da limpeza como se fossem lixo.
Não! Ela não conseguia habituar-se a esse terrível
espetáculo de pessoas esqueléticas morrendo de fome ou pedindo esmola pelas
ruas. A longa e dolorosa meditação que fizera terminou com uma pergunta muito
concreta: que poderei fazer por estes infelizes? Aqui a angústia da sua alma
cresceu. Amava a Congregação, gostava de ensinar... quase nada poderia fazer
dentro dos regulamentos a que amorosamente se sujeitara e que cumprira com toda
a fidelidade. Mas Deus não pediria mais? Não seria talvez necessários ir ter
com as superioras e com as autoridades eclesiásticas e expor-lhes frontalmente
o problema, pedir-lhes até autorização para fazer a experiência de se colocar
totalmente ao serviço dos mais pobres? Foi assim, com todas estas interrogações
que a Irmã Teresa viveu o seu retiro daquele ano. Na oração e na meditação
daqueles dias, mais se confirmou que a aspiração que lhe brotava do fundo da
alma não era um capricho mas manifestação da vontade de Deus.
Tendo regressado a Calcutá, foi ter com o arcebispo
Mons. Fernando Périer a quem expôs o seu plano. Ele ouviu atentamente e, no
fim, calmo, frio, disse um não absoluto que não deixou hipóteses para qualquer
dúvida. A Irmã Teresa aceitou humildemente a recusa. Mais tarde comentá-la-á
assim: "Não podia ter sido outra a sua resposta. Um bispo não pode
autorizar a primeira religiosa que se lhe apresenta com projetos raros sob
pretexto de que essa parece ser a vontade de Deus". Voltou às lides
diárias que cumpria cada vez com maior dedicação e entusiasmo. O carinho das
alunas demonstrado de tantas maneiras e a amizade das companheiras não lhe
fizeram esquecer a imagem horrorosa dos doentes e dos famintos que morriam
pelas ruas de Calcutá. Mas por vezes, apresentava-se-lhe angustiosa esta
pergunta: não será tudo isto uma tentação do demônio? Um ano depois, foi ter
novamente com o arcebispo.
Levava nos lábios o mesmo pedido e no coração a
mesma disposição para aceitar, com humildade e alegria, a resposta qualquer que
ela fosse. Mons. Périer escutou, mais uma vez, as razões da Ir. Teresa. A sua
simplicidade, fervor e persistência convenceram-no de que estava perante uma
manifestação da vontade de Deus. Por isso, desta vez, mais afável, aconselhou:
- Peça primeiro autorização à Madre Superiora. A Irmã Teresa escreveu
prontamente uma carta expondo o seu plano. A Superiora viu nessas linhas a
expressão da vontade de Deus. O que aquela religiosa pedia era algo muito sério
e exigente. Por isso, respondeu-lhe nestes termos: "Se essa é a vontade de
Deus, autorizo-te de todo o coração. De qualquer maneira, lembra-te sempre da
amizade que todas nós te consagramos. Se algum dia, por qualquer razão,
quiseres voltar para o meio de nós, fica sabendo que te receberemos com amor de
irmãs." Mons. Périer pediu autorização a Roma para Irmã Teresa deixar as
Irmãs de Loreto, "para viver só, fora do claustro tendo Deus como único
protetor e guia, no meio dos mais pobres de Calcutá."
A resposta de Pio XII chegou no dia 12 de Abril de
1948. Nela se concedia a desejada autorização sublinhando-se que, embora
deixando a congregação de Nossa Senhora de Loreto, a Irmã Teresa continuava
religiosa sob a obediência do arcebispo de Calcutá. Só em 08 de Agosto de 1948
ela deixou o colégio de Santa Maria. Custou imenso: a ela, às companheiras, às
alunas. Depois dirigiu-se para Patna, para fazer um breve curso de enfermagem
que julgava de imensa utilidade para a sua atividade futura. Em 21 de dezembro
obtém a nacionalidade indiana. Data que reunia um grupo de cinco crianças, num
bairro imundo, a quem começou a dar escola. Pouco a pouco, o grupo foi
aumentando. Dez dias depois eram cerca de cinqüenta.
Tendo abandonado o hábito da Congregação de Loreto,
a Irmã Teresa comprou um sari branco, debruado de azul e colocou-lhe no ombro
uma pequena cruz. Será o seus novo hábito, o vestido duma modesta mulher
indiana. Com o alfabeto a irmã dava lições de higiene (muitas vezes iniciava a
aula lavando a cara aos alunos) e de moral. Depois ia de abrigo em abrigo
levando, mais que donativos, palavras amigas e as mãos sempre prestáveis para
qualquer trabalho. Não foi preciso muito tempo para que todos a conhecessem.
Quando ela passava, crianças famintas e sujas, deficientes, enfermos de todas a
espécie gritavam por ela com os olhos inundados de esperança: Madre Teresa!
Madre Teresa! Mas o início foi duro. Ela sentiu a angústia terrível da solidão.
Um dia, depois de dar voltas e mais voltas, à procurada duma casa, era preciso
um teto para acolher os abandonados, pus-me a caminho para achá-lo. Caminhei e
caminhei ininterruptamente, até que já não pude mais. Então compreendi até que
ponto de esgotamento têm que chegar os verdadeiros pobres, sempre em busca de
um pouco de alimento, de remédio, de tudo.
A lembrança da tranqüilidade material de que gozava
no convento de Loreto e por teu amor, desejo permanecer aqui e fazer o que a
tua vontade exige de mim. Não! Não voltarei atrás. A minha comunidade são os
pobres. A sua segurança é a minha. A sua saúde é a minha. A minha casa é a casa
dos pobres. A sua segurança é a minha. A sua saúde é a minha. A minha casa é a
casa dos pobres; não apenas dos pobres mas dos mais pobres dos pobres. Daqueles
de quem as pessoas já não querem aproximar-se com medo contágio e da porcaria
porque estão cobertos de micróbios e vermes. Daqueles que não vão rezar, porque
não podem sair nus de casa. Daqueles que já não comem porque não têm força para
comer. Daqueles que se deixam cair pelas ruas, conscientes de que vão morrer, e
ao lado dos quais os vivos passam sem lhes prestar atenção. Daqueles que já não
choram, porque se lhes esgotaram as lágrimas; Dos intocáveis. Há fatos curiosos
na vida de Madre Teresa em que podemos ver um sinal da aprovação de Deus à sua
obra.
Ela mesma conta: "Era a minha primeira volta
pelas ruas de Calcutá depois de ter deixado Loreto e ter regressado de Patna. A
certa altura aproximou-se mim um sacerdote pedindo-me um donativo para uma
coleta que estava a realizar-se a favor da boa imprensa. Tinha saído de casa
com cinco rúpias. Já tinha dado quatro aos pobres. Entreguei-lhe a única rúpia
que me restava. ao entardecer, o mesmo sacerdote veio ao meu encontro com um
envelope. disse-me que lhe tinha sido dado por um senhor desconhecido que
ouvira falar dos meus projetos e me queria ajudar. No envelope vinham cinqüenta
rúpias. Naquele momento tive a sensação de que Deus começava a abençoar a minha
obra e que nunca me abandonaria." Em 19 de março de 1949 uma outra benção
de Deus foram as vocações que começaram a surgir precisamente entre as suas
antigas alunas. A primeira foi Shubashini Das. Era uma linda jovem, dotada de
bastante inteligência, filha de uma boa família. Disse-lhe: - Madre Teresa, se
me aceitar, estou disposta a ficar consigo e a colocar a minha vida ao serviço
dos pobres. - Minha filha, pensa melhor, reza mais e, daqui a a algum tempo,
vem ter novamente comigo. Era quase o mesmo conselho que Mons. Périer lhe tinha
dado, tempos atrás.
A jovem foi, pensou, rezou e no dia 19 de Março de
1949, dia de São José, era aceita na nova Congregação, que começava a surgir,
escolhendo como nome para vida religiosa o nome de batismo da sua antiga
professora: Agnes. A esta outras se seguiram. Sem qualquer propaganda. Apenas
atraídas pelo testemunho daquelas que se chamariam, mais tarde, Missionárias da
Caridade. Madre Teresa conta assim o início da congregação: "Uma a uma, a
partir de 1949, vi chegar jovens que tinham sido minhas alunas. Vinham com o
desejo de dar tudo a Deus e tinham pressa em fazê-lo. Despojavam-se, com íntima
satisfação, dos seus saris luxuosos para revestir-se do nosso humilde sari de
algodão. Vinham sabendo que se tratava de algo difícil.
Quando uma filha das velhas castas se coloca ao
serviço dos párias, trata-se de ma revolução. A maior. A mais difícil de todas:
a revolução do amor! Uma vida mais regular começou então para a nossa pequena
comunidade. Abrimos escolas enquanto continuávamos a visita aos bairros de
lata. As vocações afluíam e a nossa casa tornou-se muito pequena. Ainda em 1949,
começa a escrever as constituições das Missionárias da Caridade, nome que dá à
sua Congregação. ... O primeiro trabalho com os doentes e moribundos recolhidos
na rua era lavar-lhes o rosto e o corpo. A maior parte não conhecia sequer o
sabão e a espuma metia-lhes medo. Se as Irmãs não vissem nestes infelizes o
rosto de Cristo, o trabalho tornar-se-lhes-ia impossível. Nós queremos que eles
saibam que há pessoas que os amam verdadeiramente. Aqui eles encontram a sua
dignidade de homens e morem num silêncio impressionante... Deus ama o silêncio.
Os pobres não merecem só que os sirvamos, merecem também a alegria e as Irmãs
oferecem-na em abundância. O próprio espírito da nossa congregação é de
abandono total, de amor confiante e de alegria... É a nossa regra, para
procurarmos "fazer alguma coisa de belo por Deus!"
A lista dos bens das Irmãs é pequena: um prato
esmaltado e coberto, dois saris baratíssimos, um jogo de roupa interior
grosseira, um par de sandálias, um pedaço de sabão guardado numa caixa de
cigarros, um travesseiro e um colchão extremamente delgado, acompanhado de um
par de lençóis e, para completar tudo, um balde metálico com o respectivo
número. Assim, com o colchão enrolado debaixo do braço e as restantes coisas
colocadas no balde, a Irmã que viaja leva todos os bens consigo. Ao menor
sinal, as Irmãs estão preparadas para partir: "Com um pouco de treino, diz
uma delas consigo estar pronta para partir em trinta minutos."
A Congregação de Madre Teresa, foi aprovada pela
Santa Sé em 7 de outubro de 1950. Em agosto de 1952, abre o lar infantil Sishi
Bavan (Casa da Esperança) e inaugura o seu famoso "Lar para
Moribundos", em Kalighat, ao qual dedica as suas melhores energias físicas
e espirituais. A partir dessa data, a sua Congregação começa a expandir-se de
maneira irresistível pela Índia e por todo o mundo. Na Índia, principia por
Ranchi e continua depois por Nova Delhi e Bombaim; nesta cidade, será recebida
pelo papa Paulo VI em 1964.
A obra de Madre Teresa cresceu rapidamente. Não
trazia esquemas pré-fabricados. O ritmo e as iniciativas eram marcadas pelo
inesperado de cada dia. No ano de 1952 percorria, como de costume, as ruas
prestando ajuda aos mais necessitados. de repente, parou diante de um
espetáculo horripilante: uma mulher agonizava no meio de escombros, roída pelos
ratos pelas formigas. Madre Teresa aproximou-se e ouviu um queixume em voz
muito tênue: E dizer que foi o meu próprio filho que me lançou para aqui!
Recolheu-a e levou-a ao hospital mais próximo. Quando viram aquele semi-cadáver
responderam a Madre Teresa: - Aqui não há lugar para estes casos! Não podemos
aceitar essa mulher! - Pois eu não sairei daqui enquanto vós a não receberdes.
A mulher entrou mas morreu pouco depois. De regresso a casa, Madre Teresa
pensou na sorte dos moribundos que todos dias morrem pelas ruas de Calcutá sem
ninguém lhes prestar assistência.
A imprensa tinha abordado este problema
precisamente naqueles dias. Madre Teresa aproveitou a oportunidade e disse à
autoridades: - Dêem-me um local que eu encarrego-me de tratar dos moribundos.
Deram-lhe duas grandes salas de um edifício contíguo ao templo da deusa Kali
denominado "Casa do Peregrino" porque servia de dormitório aos
peregrinos. ela mudou-lhe o nome. Chamou-lhe "Casa do Moribundo." Os
bonzos não levaram a bem esta entrega duma dependência sagrada a uma mulher
católica. Consideraram-na uma profanação. Resolveram, por isso, encarregar um
de espiar todos os movimentos da religiosa e de, no momento oportuno,
desfazer-se dela. Tendo conhecimento deste plano, Madre Teresa apresentou-se ao
chefe e disse-lhe: - Se querem matar-me, matem-me agora mesmo, mas não façam
mal aos meus pobres moribundos.
Ele ficou surpreendido com a atitude valorosa desta
mulher que veio confirmar as boas informações já dadas pelo espião: - Observei
com todo o cuidado a ação daquela mulher e a minha impressão foi de que, ao
olhar para ela, me pareceu ver a própria deusa Kali em ação. Não façais,
portanto, mal a essa mulher. Pouco a pouco, os bonzos tornaram-se seus amigos.
Para isso contribuiu muito um fato que a própria Madre Teresa conta assim:
"Um desses bonzos contraiu a tuberculose. Nenhum hospital o teria
recebido. Nós fizemos todo o possível para o curar. Os seus companheiros vinham
vê-lo. Ao princípio blasfemava contra Deus levado pelo desespero da sua doença.
Da nossa parte não nos poupávamos a esforços para lhe sermos agradáveis e
minorar a suas dores. Pouco a pouco, a sua atitude foi mudando. Chegou até a
pedir a benção antes da morte que foi muito serena. os seus companheiros não
conseguiam explicar o que tinha acontecido.
Depois disto, os sacerdotes da deusa Kali nunca
deixaram de demonstrar-nos a sua amizade e até de dar-nos a sua colaboração, em
muitos Na catedral do Santíssimo Rosário, em abril de 1953, as primeiras Missionárias
da Caridade fazem os seu votos religiosos. A ordem é aprovada pela Santa sé a
1º de fevereiro de 1965 e, com a proteção da aprovação pontifícia, estende-se
por toda a Índia. Ainda em 1965, funda no dia 26 de Julho a sua primeira casa
na América Latina, concretamente na Venezuela, na arquidiocese de Barquisimeto,
em 1967, abre outra no próprio coração da cristandade, em Roma, por desejo
expresso de Paulo VI; mais adiante, João Paulo II dar-lhe-á de presente uma
casa dentro do próprio Vaticano. A partir de 22 de agosto de 1968, a
Congregação estende-se por outras regiões: Ceilão, Itália, Austrália,
Bangladesh, Ilhas Maurícias, Peru, Canadá, etc. 8 de Dezembro de 1970. As
Missionárias da caridade abrem a sua primeira casa em Londres e fixam aí o aspirantado
e noviciado para a Europa e América.
Em 1973, abre uma casa em Gaza, na Palestina, para
atender os refugiados, e e celebra a primeira Assembléia Internacional dos
colaboradores das Missionárias da caridade, instituição cujos estatutos tinha
sido aprovados em 1969, e que reúne centenas de milhares de pessoas de todo o
mundo: 50.000 leigos, aos quais é preciso acrescentar todos os doentes e todos
os que sofrem e oferecem a sua dor pelas intenções da Madre Teresa. 15 de junho
de 1976 Em 15 de junho de 1976, precisamente em Nova York, que era, no entender
dela, o lugar mais necessitado de oração, funda o ramo contemplativo das
Missionárias da Caridade. E em dezembro de 1976, inaugura centros de
assistência no México e Guatemala.
Recebe o Prêmio Nobel da Paz em 15 de outubro de
1979. Ainda no mesmo ano, João Paulo II recebe-a em audiência privada e ela
converte-se, sem nunca ter estudado diplomacia, na melhor
"embaixadora" do Papa em todas as nações, fóruns e assembléias do
universo. Skoplje nomeia-a "Cidadã Ilustre". Muitas universidades lhe
conferiram o título "Honoris Causa". E ainda em 1980, recebe a Ordem
"Distinguished Public Service Award" nos EUA. Em 1981, inaugura em
Berlim oriental a primeira das suas fundações em países submetidos ao marxismo.
Anos mais tarde, será recebida por Mikhail
Gorbachov e abrirá uma casa na Rússia. E o mesmo fará em Cuba. Em 1983, estando
em Roma, sofre o primeiro grave ataque do coração. Tinha 73 anos. Foi muito bem
atendida e o médico disse-lhe: "A senhora tem coração para mais trinta
anos" Tomou isso ao pé da letra e nem febre alta a fazia descansar. Em
setembro de 1985, é reeleita Superiora das Missionárias da Caridade pelo
Capítulo geral da Congregação. Só outra Irmã, Sor Josepha Michael, viu o seu
nome escrito num dos votos: o que fora depositado na urna eleitoral pela Madre
Teresa... Os outros 66 foram unânimes.
Nesse mesmo ano, recebe do Presidente Reagan, na
Casa Branca, a Medalha presidencial da Liberdade, a mais alta condecoração do
país mais poderoso da terra . Participa de Sínodos, como o de 1986, e dos atos
do Ano Mariano de 1987 e do Ano Santo da Redenção, bem como das viagens papais.
Em agosto de 1987, vai à União Soviética e é condecorada com a Medalha de ouro
do Comitê soviético da Paz. Pouco depois, visita a China e a Coréia. Em agosto
de 1989, realiza um dos seus sonhos: abrir uma casa na sua Albânia natal que,
apesar de ser um dos países mais pobres, injustos e atrasados do planeta, até
há pouco fazia gala de ser o país mais ateu do mundo, o único em cuja
Constituição figurava paradoxalmente o ateísmo como "religião do
estado".
Em setembro de 1989, sofre o seu segundo ataque do
coração e corre sério risco de vida, mas recupera-se e retoma o seu incrível
trabalho com mais ardor e vigor do que antes, apesar do marcapasso. Em 1990,
pede ao Papa para ser substituída no seu cargo, mas volta ser reeleita por
outros seis anos, até 1996, e o Papa torna a confirmá-la - Já o fizera outra
vez antes - como Superiora das Missionárias da Caridade. A Madre Teresa nunca
perdia uma oportunidade para levar todos aqueles com quem se cruzava,
independentemente da sua origem, da sua posição social ou da sua religião, a
encontrar-se com Cristo. - "Vamos, primeiro, cumprimentar o dono da
casa". Era com essa frase simples que costumava receber a maior parte das
personalidades - por exemplo, o então Primeiro-Ministro Nehru -, que vinham
conhecer a casa das Missionárias da Caridade, dirigindo-as resolutamente à
capela do Santíssimo Sacramento.
No dia 05 de setembro de 1997, depois de sofrer uma
última parada cardíaca, foi a vez de ela poder encontrar-se, desta vez
definitivamente, com o Dono e Senhor da sua alma. Uma fila de quilômetros
formou-se durante dias a fio, diante da igreja de São Tomé, em Calcutá, onde o
seu corpo estava sendo velado. Ao fim de uma semana, como muitos milhares de
pessoas ainda queriam dizer-lhe o último adeus, o corpo da Madre foi
transladado ao Estádio Netaji, onde o cardeal Ângelo Sodano, Secretário de
Estado do Vaticano, celebrou a Missa de corpo presente. O mesmo veículo que, em
1948, transportara o corpo do Mahatma Gandhi foi utilizado para realizar o
cortejo fúnebre da Mãe dos pobres.