Manuel da
Costa Ataíde (Mestre Ataíde) nascido em 18/10/1762 em Mariana, cidade mineira,
foi um dos pintores, douradores, artífices na arte da encarnação, entalhadores
e professores brasileiros mais importantes de sua época. Este significativo
criador do período barroco de Minas Gerais exerceu uma intensa ascendência
sobre os artistas de sua terra natal, pois exercitou com maestria o papel de
mestre, daí sua alcunha, na formação de pupilos e adeptos.
Mestre Ataíde
Em meados do século XIX, os sucessores de Mestre
Ataíde ainda adotavam as mesmas técnicas, especialmente os métodos de
elaboração de perspectivas das abóbadas dos templos religiosos. Ninguém sabe
definir exatamente em que momento o Mestre iniciou suas atividades artísticas.
Sua primeira obra a vir a público é a corporificação de dois ícones de Jesus
para a Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, no ano
de 1781.
Vários painéis e quadros elaborados em 18
santuários mineiros, foram legados à posteridade; sua herança mais célebre é a
pintura da elevação de Maria aos céus na abóbada da Igreja de São Francisco de
Assis, em Ouro Preto, a mesma na qual o famoso Aleijadinho, seu contemporâneo,
produziu esculturas e ornamentos elaborados com massa de estuque.
Embora fosse um professor realmente competente, o
artista lutou inutilmente, em 1818, para conquistar a licença oficial que lhe
permitiria instituir uma escola de arte em sua terra natal. No período que se
estende de 1781 a 1818, Ataíde dourou e encarnou, ou seja, conferiu um
significado às pinturas de Aleijadinho, as quais ocuparam um espaço importante
na Igreja do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo.
No ano de 1801 o Mestre recebeu a atribuição de
ornamentar a Igreja de São Francisco, em Ouro Preto. Aí ele pintou a abóbada do
templo e o retábulo da sacristia, representando São Francisco assistido pelos
anjos em quatro momentos: São Pedro, Santa Margarida de Cortona, Santa Clara e
São Francisco em agonia, além de seis cenas da trajetória de Abraão,
especificamente criadas para o espaço da capela-mor.
Mestre Ataíde produziu igualmente obras-de-arte
para os templos de Santo Antônio do Ribeirão de Santa Bárbara, Santo Antônio de
Itaperava e Nossa Senhora do Carmo de Ouro Preto. Após sua morte, no dia 2 de
fevereiro de 1830, em Mariana, foram encontrados entre seus pertences alguns
livros técnicos e teses teóricas como a ‘Perspectivae Pictorum Architectorum,
de Andrea Pozzo. Nestas obras o artista possivelmente encontrou o suporte
necessário para a formação artística.
"A Última Ceia" de
Mestre Ataíde
O uso de colorações vivazes é um dos traços
dominantes em sua produção, particularmente o azul, sua cor predileta. Nos seus
trabalhos, as criaturas angelicais, madonas e seres santificados aparecem
revestidos de qualidades típicas das civilizações do continente africano.
Fonte:carmelagross.com.br