O lobo e o pastor



Fugindo de um caçador, veio um lobo esconder-se em uma moita junto da qual estava um pastor de ovelhas, e pediu-lhe o obséquio (favor) de desviar o caçador, se porventura perguntasse por ele. “Fique certo”, prometeu-lhe o pastor, “hei de dizer que o lobo se foi por ali.” E apontou para direção oposta à em que estava o esconderijo. Chegou o caçador: “ Você, por acaso, viu um lobo?” perguntou.  — Sim, vi, disse o pastor, ele foi-se por ali. Olhando para o outro lado, seu dedo porém, atraiçoando a promessa, apontava e indicava a moita em que estava oculta (escondida) a fera. O caçador não deu fé (não notou) do aceno, e seguiu a direção indicada pelo olhar do pastor. Mal o viu pelas costas, o lobo saiu da moita. Então, amigo, disse-lhe o pastor, vai embora sem agradecer-me? — Não tenho que agradecer-lhe, respondeu o lobo; pois se escapei devo-o à minha sina (sorte), e à precipitação do caçador que não reparou no movimento de seu dedo-duro, apontando em minha direção. Traidor! Traíra! Queria traidor, que me ele matasse! Hás de pagar-me; cuidado com o teu rebanho.

MORALIDADE: Há homens nobres que prometem seus serviços a uns, e depois os levam aos inimigos deles. São os dedos-duros.

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