
Um gato já
velho, matreiro e manhoso, não podia mais caçar ratos; mais ligeiros
do que ele, fugiam-lhe todos. Com os anos, porém, ganhara o gato em
inteligência o que havia perdido em força e agilidade. E, pois se envolveu todo
em farinha, e colocou-se em um canto da despensa, onde ficou quedo
(parado) e imóvel, como coisa inanimada. Apareceu um rato, e supondo que
era coisa de roer, descuidado aproximou-se; o caçador filou-o (pegou-o e
papou-o); logo atrás vem outro, e outro, e quantos apareciam tantos o gato
caçava e comia. Veio por fim um: oh! era uma velha ratazana, que de mil combates
e ciladas, laços e ratoeiras escapara, até na guerra tinha perdido duas terças
partes do rabo. Logo que viu o rato farinhento, notando algo estranho, disse:
“Farinha assim” disse, “nunca vi que tomasse essa forma quando
amontoada!” Então farejou: “Farinha de verdade nunca teve cheiro como
esse, igual a gato. Não... Isso não é farinha não. Ora, Sr. gato, divirta-se
com esses ratinhos imprudentes; eu bem o conheço; não me pega não.”
MORALIDADE: Prudência e
cautela nunca por sobeja é condenável.
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